“INDEFORMAÇÕES”
Decorria o ano lectivo de 1993/1994 quando entrou em vigor a Reforma do Sistema Educativo do Ensino Secundário. Para aqueles a quem a memória não permite identificar a qual delas me refiro, acrescento que foi no decurso deste processo que se iniciaram as provas globais nos 10º e 11º anos e Exames Nacionais no 12º Ano. Passámos a ter mais disciplinas do que os nossos colegas, sobretudo no último ano, em que se transitou de um sistema de para um de 8. Esse foi o ano que correspondeu à minha passagem para o 10º anos e, por conseguinte, era mais um dos que eram conhecidos como cobaias do sistema (educativo, claro!). A Matemática nunca fora um problema para mim. Apesar disso, e dada a minha predilecção pelas línguas estrangeiras, optei pelo curso de Humanidades. Além das disciplinas habituais, ainda tínhamos Técnicas de Tradução de Francês e Métodos Quantitativos. Esta última, que pretendia ser uma espécie de matemática, estava vocacionada para a estatística. Nos outros dois anos a novidade foi maior: Introdução às Tecnologias de Informação. Olhando à distância de 10 anos, considero que foi a disciplina que mais me revolucionou. Enquanto 99% dos meus colegas não se importavam muito com o que se aprendia (bastava uns jogos de pinball à socapa), eu sempre absorvi todas as informações. Não que imaginasse o boom informático, mas porque sempre tive um espírito curioso. Lembro-me do 1º ano, com o professor Carlos Grazina, a aprender MS-Dos 3.1 e Edit, inicialmente nos 486 e posteriormente nos primeiros Pentium I adquiridos pelo Instituto D. João V, com o revolucionário Windows95. Recordo-me do 2º ano, com o Professor Pedro Martins, a continuar a trabalhar com MS-Word, MS-Excel e a inicar o MS-Access (ainda há pouco encontrei a primeira com os contactos dos colegas da escola). Por esta altura, estava a aprender que a melhor maneira de aprender a trabalhar com computadores é errando. Quantas vezes apaguei todos os trabalhos e tive de reiniciar tudo?!... Mas da segunda (ou terceira, ou quarta, …) tudo saía mais perfeito e já não me esquecia da melhor maneira para não errar.
Este meu interesse pela informática prolongou-se pela Universidade. Veio o primeiro computador (um Pentium I a 133 Mhz, com um disco de 2,6 GB – uma autêntica loucura – houve quem dissesse que eu nunca iria encher tal disco…) e vieram os trabalhos a computador. Quem os passava era eu, porque as colegas da Universidade não se davam bem com o computador (com o avançar dos anos a fobia foi passando). Aparentemente não tinham gostado das aulas de ITI! Em 2001/2002 embarquei numa aventura: Erasmus em Poitiers e Assistente de Português em duas escolas a 50 km desta cidade francesa. No dia 27 de Setembro (16 dias após os atentados nos EUA e 2 dias depois da explosão de uma central em Toulouse), cheio de incertezas, coloco este meu portátil no meu Peugeot 206, umas roupas, alguns livros e aí vou eu para França. Para me indicar o caminho, um mapa retirado do Auto-route2000.Dia 28, às 14 horas, chego à escola, no centro de Montmorillon, sem perguntar o caminho, apenas com a ajuda de 5 folhas impressas e da minha co-piloto. Depois? Bem, seguiu-se um grande ano de aprendizagem, secundado de outro na Escola Secundária D. Duarte (Estágio Pedagógico) e ainda três anos na EB 2,3 Miguel Leitão de Andrada, em Pedrógão Grande. Ao longo de todo este percurso as novas tecnologias estiveram sempre presentes. Porque o mundo do trabalho as exige, mas também porque eu as busco e porque elas me são oferecidas em contexto.
Na minha escola, todos os professores são obrigados a ter um endereço de correio electrónico e a registar-se no portal da escola. As horas não lectivas são assinadas electronicamente, sob pena do docente ter falta. Ainda não existia o Skype e já as escolas do 1º ciclo e dos Jardins de Infância comunicavam com a escola-sede através dos Messenger. Ao longo destes anos tem sido facultada formação na área da informática a todos os docentes. As temáticas são preparadas entre formadores e docentes (no último ano participei numa acção de Jornais Digitais e noutra de Quadros Interactivos Multimédia – Smartboard) e não impostas de forma autoritária ou, ainda pior, ao sabor das conveniências dos formadores. Desta forma, num agrupamento com cerca de 80 professores de todos os ciclos, nunca deixou de haver uma acção de formação de informática por falta de inscrições. Nunca um técnico de informática veio acusar publicamente os professores de não se inscreverem nos cursos. A razão? A resposta não é a descoberta da pólvora. Apenas o respeito que os docentes merecem. As acções devem ser escolhidas em função das motivações e necessidades dos docentes e nunca porque uma autarquia deseja oferecer determinado curso. Merecemos ser tratados com respeito, em vez de sermos constantemente achincalhados na praça pública por qualquer pessoa, desde membros dos ME, até a anónimos da sociedade, passando por técnicos de informática de autarquias. Antes de acusar, há que conhecer a realidade, saber se a acção é pertinente e se vem no momento certo.
Nós, professores, não somos saco de pancada da sociedade. Existimos para servir… os alunos… mas não para servir de elemento catártico a quem se serve de nós!...
Decorria o ano lectivo de 1993/1994 quando entrou em vigor a Reforma do Sistema Educativo do Ensino Secundário. Para aqueles a quem a memória não permite identificar a qual delas me refiro, acrescento que foi no decurso deste processo que se iniciaram as provas globais nos 10º e 11º anos e Exames Nacionais no 12º Ano. Passámos a ter mais disciplinas do que os nossos colegas, sobretudo no último ano, em que se transitou de um sistema de para um de 8. Esse foi o ano que correspondeu à minha passagem para o 10º anos e, por conseguinte, era mais um dos que eram conhecidos como cobaias do sistema (educativo, claro!). A Matemática nunca fora um problema para mim. Apesar disso, e dada a minha predilecção pelas línguas estrangeiras, optei pelo curso de Humanidades. Além das disciplinas habituais, ainda tínhamos Técnicas de Tradução de Francês e Métodos Quantitativos. Esta última, que pretendia ser uma espécie de matemática, estava vocacionada para a estatística. Nos outros dois anos a novidade foi maior: Introdução às Tecnologias de Informação. Olhando à distância de 10 anos, considero que foi a disciplina que mais me revolucionou. Enquanto 99% dos meus colegas não se importavam muito com o que se aprendia (bastava uns jogos de pinball à socapa), eu sempre absorvi todas as informações. Não que imaginasse o boom informático, mas porque sempre tive um espírito curioso. Lembro-me do 1º ano, com o professor Carlos Grazina, a aprender MS-Dos 3.1 e Edit, inicialmente nos 486 e posteriormente nos primeiros Pentium I adquiridos pelo Instituto D. João V, com o revolucionário Windows95. Recordo-me do 2º ano, com o Professor Pedro Martins, a continuar a trabalhar com MS-Word, MS-Excel e a inicar o MS-Access (ainda há pouco encontrei a primeira com os contactos dos colegas da escola). Por esta altura, estava a aprender que a melhor maneira de aprender a trabalhar com computadores é errando. Quantas vezes apaguei todos os trabalhos e tive de reiniciar tudo?!... Mas da segunda (ou terceira, ou quarta, …) tudo saía mais perfeito e já não me esquecia da melhor maneira para não errar.
Este meu interesse pela informática prolongou-se pela Universidade. Veio o primeiro computador (um Pentium I a 133 Mhz, com um disco de 2,6 GB – uma autêntica loucura – houve quem dissesse que eu nunca iria encher tal disco…) e vieram os trabalhos a computador. Quem os passava era eu, porque as colegas da Universidade não se davam bem com o computador (com o avançar dos anos a fobia foi passando). Aparentemente não tinham gostado das aulas de ITI! Em 2001/2002 embarquei numa aventura: Erasmus em Poitiers e Assistente de Português em duas escolas a 50 km desta cidade francesa. No dia 27 de Setembro (16 dias após os atentados nos EUA e 2 dias depois da explosão de uma central em Toulouse), cheio de incertezas, coloco este meu portátil no meu Peugeot 206, umas roupas, alguns livros e aí vou eu para França. Para me indicar o caminho, um mapa retirado do Auto-route2000.Dia 28, às 14 horas, chego à escola, no centro de Montmorillon, sem perguntar o caminho, apenas com a ajuda de 5 folhas impressas e da minha co-piloto. Depois? Bem, seguiu-se um grande ano de aprendizagem, secundado de outro na Escola Secundária D. Duarte (Estágio Pedagógico) e ainda três anos na EB 2,3 Miguel Leitão de Andrada, em Pedrógão Grande. Ao longo de todo este percurso as novas tecnologias estiveram sempre presentes. Porque o mundo do trabalho as exige, mas também porque eu as busco e porque elas me são oferecidas em contexto.
Na minha escola, todos os professores são obrigados a ter um endereço de correio electrónico e a registar-se no portal da escola. As horas não lectivas são assinadas electronicamente, sob pena do docente ter falta. Ainda não existia o Skype e já as escolas do 1º ciclo e dos Jardins de Infância comunicavam com a escola-sede através dos Messenger. Ao longo destes anos tem sido facultada formação na área da informática a todos os docentes. As temáticas são preparadas entre formadores e docentes (no último ano participei numa acção de Jornais Digitais e noutra de Quadros Interactivos Multimédia – Smartboard) e não impostas de forma autoritária ou, ainda pior, ao sabor das conveniências dos formadores. Desta forma, num agrupamento com cerca de 80 professores de todos os ciclos, nunca deixou de haver uma acção de formação de informática por falta de inscrições. Nunca um técnico de informática veio acusar publicamente os professores de não se inscreverem nos cursos. A razão? A resposta não é a descoberta da pólvora. Apenas o respeito que os docentes merecem. As acções devem ser escolhidas em função das motivações e necessidades dos docentes e nunca porque uma autarquia deseja oferecer determinado curso. Merecemos ser tratados com respeito, em vez de sermos constantemente achincalhados na praça pública por qualquer pessoa, desde membros dos ME, até a anónimos da sociedade, passando por técnicos de informática de autarquias. Antes de acusar, há que conhecer a realidade, saber se a acção é pertinente e se vem no momento certo.
Nós, professores, não somos saco de pancada da sociedade. Existimos para servir… os alunos… mas não para servir de elemento catártico a quem se serve de nós!...
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