«Em França, o número
de psiquiatras decuplicou em quarenta anos, e o dos religiosos, passou para
metade em menos tempo. O tratamento dos sofrimentos deslocou-se, do padre para
o Prozac.
...
O sofrimento e a
solidão, ou se espiritualizam, ou se medicalizam.
...
O Senhor Homais (nota: personagem do Romance "Madame Bovary") não
pode simultaneamente felicitar-se pelo esvaziamento das igrejas e dos
conventos, e deplorar o défice da Segurança Social por os franceses consumirem
medicamentos em excesso. Ou uma coisa, ou outra. Narciso custa, sem dúvida, tão
caro à sociedade como Édipo. O remédio para o mal da moda, a depressão, será
portanto serotonina, mas só à falta de melhor. A molécula continua a ser um mal
menor.»
P.153 e 154
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