Em janeiro de 2014 aterrava pela segunda vez na Turquia. Desta vez tinha um dia para visitar aquela que passou a ser, para mim, uma das cidades mais apelativas entre as que já visitei: Istambul, onde tive a oportunidade de usufruir de uma longa escala de 20 horas. Na verdade, o aparelho que me levara de Paris até lá (não tinha conseguido voo direto), chegava após a saída do avião que me transportaria ao destino final: Merzifon, uma cidade do Norte da Turquia com cerca de 53000 habitantes, situada perto de 3 pontos turísticos importantes: Samsun, Havza e Amásia (na foto).
Vivi nesses dias uma experiência diferente de tudo o resto. O avião (um Airbus de grande porte) ia completo. Até aqui nada de novo... Porém, o que aconteceu de seguida é que foi surpreendente. Devo confessar que não terei realizado os "trabalhos de casa" e não pesquisei nada sobre o aeroporto. Tirei bilhete e segui viagem... só depois de aterrar me apercebo que estava num espaço que mais parecia um aeródromo. Era efetivamente um espaço exíguo mas que tinha todas condições logísticas e de segurança. Cá fora (a saída terá demorado apenas uns breves minutos), os autocarros enchiam-se a transportar os locais e os turistas para os diferentes pontos que atrás mencionei. à nossa espera tínhamos os colegas que nos iam acolher nesse projeto. Questionei sobre a viabilidade de um aeroporto, que apenas recebia um avião diariamente. Os locais pareciam incrédulos com a minha pergunta... em primeiro lugar, para eles, está o bem estar das populações e dos turistas. Amásia possui Património Mundial da Unesco e recebe turistas de várias área da Ásia e da Alemanha (sobretudo, mas não exclusivamente). Sem o aeroporto, os turistas deslocar-se-iam para outras regiões e não visitariam a região. Toda a economia local acabaria por ruir e obrigaria as pessoas a deslocarem-se para a já hiper-populada Istambul. Além disso, dizem-me, nem sempre o bem estar das pessoas se pode medir apenas em Libras Turcas. Ainda assim, garantem-me que o aeroporto é viável e que todo o investimento central tem retorno, entre os ganhos diretos e os indiretos (via impostos ao consumo efetuado por turistas). Após a abertura ao tráfego comercial deste aeroporto, o número de turistas aumentou exponencialmente, tendo beneficiado toda uma região que, até aí, se encontrava fechada sobre si mesma e quase isolada de todo o mundo.
Acabado o projeto, era tempo de regressar. O avião saía às 6 da manhã (4 em Portugal). A cerca de 4/5 km já se vislumbrava o aparelho que chegara na véspera e que pernoitara na pista aguardando os seus passageiros do dia seguinte. Inocente e ignorante, pensava: um avião tão grande? para quê... deve ir meio... uma vez mais, puro engano!!! À espera para entrar encontrava-se já uma quantidade considerável de passageiros. Instalado no meu local confirmei: completo.
Após duas escalas, chego a Lisboa às 10 da noite. Próximo transporte: expresso das 00:15. Chegada a Coimbra às 02:50... chegada a casa depois das 3 (23 horas de viagem).
Nesse momento suspirei: que bom seria se alguém pensasse nas pessoas do centro do país que precisam viajar ao estrangeiro e dos estrangeiros que querem visitar as belezas únicas desta região... Que bom seria se alguém tivesse visão e pensasse um pouco "fora da caixa".
Sou uma pessoa com Esperança!!!
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